Nova cartilha da Série Produtor Rural intitulada ‘Silício como mitigador do déficit hídrico na cultura da soja’, lançada recentemente na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), destaca que o silício é um aliado na agricultura contemporânea, especialmente em culturas como a soja, que enfrentam desafios devido às mudanças climáticas.
As secas prolongadas e os eventos climáticos extremos estão reduzindo a capacidade de produção agrícola e esgotando a disponibilidade de recursos hídricos, tornando ainda mais difícil para as comunidades rurais manterem suas fontes de subsistência. Aliado aos eventos climáticos e aos desafios ambientais crescentes, a fome no mundo se agrava como uma das mais urgentes crises humanitárias.
Para minorar esse processo, Viviane Vieira Machado, Especialista em Fisiologia Vegetal, Nutrição e Desenvolvimento de Plantas; Alasse Oliveira da Silva, Doutorando em Fitotecnia; e Simone da Costa Mello, docente do Departamento de Produção Vegetal, lançaram a cartilha de nº 82 da SPR, alinhada ao item 2 dos 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU – Fome Zero e Agricultura Sustentável.
Embora não sendo classificado como essencial para as plantas, o silício se mostra altamente benéfico para o crescimento e desenvolvimento das culturas agrícolas, especialmente a soja. De acordo com os autores, as pesquisas indicam que o silício desempenha um papel importante nas atividades metabólicas e fisiológicas das plantas, sendo eficaz na atenuação dos efeitos do déficit hídrico, um dos principais fatores de estresse abiótico na agricultura.
Entre os benefícios do silício, observa-se a melhoria na arquitetura das folhas, o que otimiza a incidência solar e reduz a transpiração de água. Além disso, o silício ativa o sistema de defesa antioxidativo das plantas e aumenta a capacidade fotossintética, fatores que contribuem para uma maior resistência e vigor das culturas. Porém, os autores alertam que a eficiência do uso do silício pode variar significativamente dependendo da espécie cultivada, do momento e da dosagem de aplicação.
Dessa forma, os autores apontam para a necessidade de pesquisas mais direcionadas, que considerem as especificidades de cada cultura e sua capacidade de absorção e acúmulo de silício, uma vez que, no caso da sojicultura, os estudos sobre o impacto do silício ainda são escassos e apresentam resultados diversos, o que reforça a importância de investigações mais aprofundadas.
A publicação está disponível para download gratuito no site da Divisão de Biblioteca da Esalq e no Portal de Livros Abertos da USP, permitindo que produtores, pesquisadores e interessados na área possam acessar essa importante fonte de informação.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTb 32531 | 19.08.2024