As aulas do curso intensivo “Dendrocronologia: Princípios e aplicações da análise dos anéis de crescimento das árvores”, ministradas pelo professor da Universidade Nacional de Cuyo (UNCuyo/Argentina), Fidel Roig, e pelo professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Mário Tomazello Filho, foram finalizadas na última semana do mês de maio. Esse é o oitavo ano consecutivo de sua realização no Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais da Escola.
A disciplina trata, essencialmente, do estudo dos anéis de crescimento das árvores, visando à determinação da idade das árvores e avaliando a sua interação com as mudanças do clima e do ambiente. “Por meio de uma ferramenta como os anéis de crescimento, podemos fazer interpretações do clima e do ambiente dos últimos milênios, já que temos árvores na América do Sul que chegam a 3.000 anos”, destacou o professor Roig.
O curso de dendrocronologia contou com a participação de alunos de países como Peru, Colômbia e Costa Rica e de outros estados do Brasil como Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso. O professor Roig mencionou que “muitos alunos que vem pra cá estão relacionados com as Ciências Florestais, Biologia ou Ecologia, e eles têm muito interesse em adquirir informações que permitam fazer estudos com anéis de crescimento, seja para manejo florestal ou para entender o crescimento das árvores, sua ecofisiologia e também para fazer estudos de paleoclimatologia”.
O aluno do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rafael Perpétuo Albuquerque, de 21 anos, contou que ficou sabendo do curso pelos orientadores da pós-graduação. “Os professores Mário e Fidel são conhecidos mundialmente no ramo da Dendrocronologia Tropical, por isso a disciplina foi muito recomendada pelas pessoas que trabalham comigo”, contou. Segundo Albuquerque, ele aprendeu basicamente toda a metodologia que irá usar em sua dissertação. “Praticamente tudo que vou fazer foi abordado aqui. É um curso muito prático e que ainda me proporcionou um suporte de equipamentos muito bom”.
Já Alex Martinez Pereira, 29, que veio do Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (Catie), na Costa Rica, afirmou que o curso foi muito importante para sua formação. “Recebemos um material com bastante teoria, mas também muita prática. Estou muito alegre por participar com pessoas tão especializadas, tirei várias dúvidas e agora volto muito satisfeito para o Catie para desenvolver minha pesquisa, além de vislumbrar a possibilidade de realizar o doutorado na ESALQ, sob a orientação do professor Tomazello”.
A aluna do PPG em Recursos Florestais da ESALQ, Júlia Carolina Araújo Fideles, falou do conteúdo das aulas. “Basicamente, o que queremos nesse curso é entender como, a partir de uma árvore, podemos avaliar as mudanças climáticas. Aprendemos a entender o que vemos no lenho das árvores e a trabalhar com softwares para essa finalidade de aplicação à compreensão do clima”, disse.
Para Júlia, a interação entre os alunos, de diferentes lugares do Brasil e do mundo, também é muito vantajosa. “Além de o assunto ser muito importante na área de Ciências Florestais, a comunicação entre as pessoas e as universidades também é muito boa, porque há a oportunidade de conhecer trabalhos que estão sendo feitos em outros laboratórios e de conhecer pessoas diferentes. Isso tem muito valor”.
Elias Ferreira é moçambicano e realiza o curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ele contou que antes de vir para o Brasil, começou uma pesquisa na área, mas não conseguiu finalizá-la. “Eu não tinha um conhecimento mais aprofundado, então, quando conversei com estudantes que já participaram da aula, me interessei e me candidatei”, falou. Ferreira ainda ressalta que achou interessante a didática da disciplina. “Os professores Mário e Fidel têm uma longa experiência e adquiri muito conhecimento com eles, da forma de transmitir a matéria até a maneira de tratar o aluno, de forma humana”.
Professor e chefe do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ, Tomazello informou que tem, agora, como objetivos a avaliação dos resultados do 8º Curso de Dendrocronologia e a implantação de inovações nas metodologias e de novos equipamentos de análise dos anéis de crescimento, para a sua aplicação na rotina do laboratório e para o curso a ser oferecido em 2016. “O sucesso do curso deveu-se ao apoio dos alunos monitores – Alejandro Venegas, Tassio T. Trevizor, Angel B. Ferreira, José L. Peña, Claudio Anholeto, Luiz Santini e Raquel Medeiros -, e dos técnicos – Maria A. Rizzato-Bermudez e Aparecido Cândio Siqueira -, do Laboratório de Anéis de Crescimento do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ”, ressaltou.
Texto: Alessandra Postali: estagiária de Jornalismo | Revisão: Caio Albuquerque | 02/06/15
